sábado, 7 de maio de 2011

CAUSA DAS AFLIÇÕES (continuação)

      ...Que todos os que são feridos no coração pelas decepções da vida interroguem friamente sua consciência e, na maioria das vezes, verão se não podem dizer: Se tivesse feito ou não tivesse feito tal coisa, eu não estaria nesta situação.
      A quem atribuir então todas essas aflições, senão a si mesmo? Assim, o homem é, num grande número de casos, o artífice de seus próprios infortúnios.
     Mas em lugar de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para sua vaidade, acusar a sorte, a Providência, a sua má estrela.
    Os males dessa natureza formam, seguramente, um notável contingente nas vicissitudes da vida. O homem só as evitará quando trabalhar para seu aprimoramento moral tanto quanto por seu aprioramento intelectual.
   A lei humana alcança certas faltas e as pune. O condenado pode então dizer que sofre a consequência do que praticou. Mas a lei atinge mais especificamente aquelas faltas que trazem prejuizo à sociedade, e não aquelas que só prejudicam aqueles que as cometem. Mas Deus quer o progresso de todas as suas criaturas. Por isso não deixa impune nenhum desvio do caminho reto. Não há uma única falta, que não tenha inevitavemente consequências mais ou menos deploráveis.
      O homem é sempre punido pelo que cometeu. Os sofrimentos-consequencia disso-são para ele uma advertência de que fez algum mal. Dão-lhe experiência, fazem-no sintir a diferença do bem e do mal e a necessidade de se aprimorar para evitar, no futuro, o que foi para ele uma fonte de desgostos, sem o que não teria nenhum motivo de emendar-se. Confiando em sua impunidade, retardaria seu adiantamento, e, por consequência, sua felicidade futura.

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