sábado, 2 de março de 2013

A RIQUEZA

           Se a riqueza é a fonte de muitos males; se ela excita tantas más paixões; se até chega a provocar tantos crimes, é preciso atribuir isso não à coisa em si, mas ao homem que dela abusa, como abusa de todos os seus dons.
           Pelo abuso, ele torna pernicioso o que mais lhe poderia ser útil. É a consequência do estado de inferioridade do mundo terrestre. Se a riqueza não pudesse produzir senão o mal, Deus não a teria posto sobre a terra. Cabe ao homem extrair o bem dela. Se a riqueza não é um elemento direto de progresso moral, é, incontestavelmente, um poderoso elemento de progresso intelectual.
           Com efeito, o homem tem como missão trabalhar para o aprimoramento material do globo. Ele deve desbravá-lo, saneá-lo, dispô-lo de modo a um dia receber toda a população que sua extensão comporta.
           Para nutrir essa população, que cresce sem cessar, é preciso aumentar a produção. Se a produção de uma região é insuficiente, é preciso ir buscá-la fora. Por isso mesmo, as relações de povo com povo tornam-se uma necessidade.
           Para torná-las mais fáceis, é preciso destruir os obstáculos materiais que os separam, tornando as comunicações mais rápidas.
           Para trabalhos que são obra de séculos, o homem teve de ir buscar materiais até nas entranhas da terra. Procurou na ciência os meios de executá-los mais segura e rapidamente. Mas para realizá-los é preciso recursos: a necessidade fez-lhe criar a riqueza, como ela lhe fez descobrir a ciência
            A inteligência, que inicialmente o homem concentra na satisfação das necessidades materiais, mais tarde irá ajudá-lo a compreender as grandes verdades morais. Sendo a riqueza o primeiro meio de execução, sem ela não haveria mais grandes trabalhos, nem atividade, estímulo ou pesquisas. Portanto, é com razão que se considera a riqueza um elemento de PROGRESSO.