sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A INGRATIDÃO DOS FILHOS

            A ingratidão é um dos frutos mais imediatos do egoísmo. Ela sempre revolta os corações honestos. Mas a ingratidão dos filhos com seus pais tem um caráter ainda mais odioso.
            Quando o espírito deixa a terra, leva consigo paixões ou virtudes inerentes à sua natureza, e vai ao espaço aperfeiçoando-se ou ficando estacionário, até que queira ver a luz.
            Alguns partem, pois, levando consigo fortes ódios e desejos insaciados de vingança. Mas, a alguns desses, mais adiantados que outros, é permitido entrever algo da verdade. Reconhecem os efeitos funestos de suas paixões, e é então que tomam boas resoluções. Compreendem que para se chegar até Deus só há uma senha: CARIDADE. Ora, não há caridade sem esquecimento de ultrajes e de injúrias, não há caridade sem perdão e com ódio no coração.
            Finalmente, após alguns anos de meditações e de preces, o Espírito aproveita-se de um corpo que se prepara na família de quem detestou, e pede para cumprir na terra os destinos desse corpo que acaba de se formar. Qual será, então, sua conduta nessa família?
            Dependerá da maior ou menor resistência de suas boas resoluções.
            O incessante contaro com os seres que odiou é uma prova terrível, sob a qual ele às vezes sucumbe, se sua vontade não é suficientemente forte. Assim, conforme seja levado pela boa ou má resolução, ele será amigo ou inimigo daqueles entre os quais foi chamado a viver.
            Por aí se explicam esses ódios, esssas repulsas instintivas que se notam em certos filhos,e que nenhum ato anterior parece justificar.
            Por isso, não podemos rejeitar a criança de berço que repele sua mãe, nem aquele que nos paga com ingratidão. Não é o acaso que o fez assim.
            Deus não dá uma prova acima das forças daquele que a pede. Ele só permite provas que possam ser cumpridas. Se não se consegue compri-las, não é a oportunidade que falta, mas a vontade.  (Santo Agostinho)

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