A Vingança é um dos últimos vestígios deixados pelos constumes bárbaros que tendem a apagar-se entre os homens. Ela é, como o duelo, um dos últimos traços desses costumes selvagens sob os quais a humanidade se debatia no começo da era cristã. Por isso a vingança é um indício serguro do estado atrasado dos homens que a ela se entregam.
Vingar-se é de tal forma contrário a esta prescrição do Cristo: "Perdoai a vossos inimigos", que aquele que se recusa a perdoar não é cristão.
A vingança é uma inspiração tão funesta que a falsidade e a baixeza são suas companheiras assíduas. Com efeito, aquele que se entrega a essa fatal e cega paixão quase nunca se vinga a céu aberto. Na maioria das vezes, reveste-se de uma aparência hipócrita, dissimulando profundamente em seu coração os maus sentimentos que o animam. Toma atalhos, segue o inimigo na sombra, sem que desconfie, e espera o momento propício para ferí-lo sem perigo para si; esconde-se dele, espiando-o sem cessar; prepara-lhe armadilhas odiosas e oportunamente derrama o veneno em seu copo.
Quando seu ódio não chega a esses extremos, ataca-o então em sua honra e em suas afeições. Não recua diante da calúnia, e suas insinuações pérfidas, habilmente semeadas aos quatro ventos, vão se avolumando pelo caminho.
O covarde que se vinga é cem vezes mais culpado que aquele que vai direto a seu inimigo e o insulta de rosto descoberto.
Abaixo, pois, esses costumes selvagens! Abaixo esses modos de um outro tempo!
(Jules Olivier)
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