A verdadeira pureza não está só nos atos, mas também no pensamento. Pois quem tem o coração putro, nem sequer pensa no mal. Foi isso que Jesus quis dizer. Ele condena o mau, mesmo em pensamento, porque é um sinal de impureza.
Sofrem-se as consequências de um mau pensamento que não foi efetivado?
Há aqui uma importante distinção a fazer. À medida que a alma, comprometida com o mau caminho, avança na vida espiritual, aos poucos se esclarece e se despoja de suas imperfeições, conforme a maior ou menor boa vontade aplicada, em virtude de seu livre-arbítrio. Portanto, todo mau pensamento é resultado da imperfeição da alma. Mas, conforme o desejo que tenha de depurar-se, mesmo esse mau pensamento torna-se, para ela, uma oportunidade de adiantamento, porque o repele com energia.
É o indício de uma mancha que ela se esforça por apagar; não cederá se a ocasião de satisfazer um mau desejo apresentar-se. E, se tiver resistido, sentir-se-á mais forte e alegre com sua vitória.
Aquela alma que, ao contrário, não tiver tomado boas resoluções, procura a ocasião, e se não cumpriu o mau ato, não é efeito de sua vontade, mas é a ocasião que lhe falta. Ela é, pois, tão culpada quanto se o cometesse.
Em resumo, na pessoa que não concebe o pensamento do mal, o progresso está cumprido. Naquela a quem esse pensamento vem, mas que o repele, o progresso está em vias de seu cumprimento. Naquela, enfim, que tem esse pensamento e nele se compraz, o mal ainda está em toda sua força. Numa, o trabalho está feito, noutras, está por fazer. Deus, que é justo, leva em conta todas essas nuances na responsabilidade dos atos e dos pensamentos do homens.
Nenhum comentário:
Postar um comentário