segunda-feira, 27 de junho de 2011

INFELICIDADE REAL

       Todos falam da infelicidade, todos já a experimentaram e acreditam conhcecer seu caráter múltiplo. Mas a infelicidade real não é o que os infelizes supõem. Eles vêem na miséria, na chaminé sem fogo, no credor que ameaça, no berço vazio do anjo que sorria, nas lágrimas, no féretro que se acompanha com o coração partido, na angústia da traição, etc... Tudo isso, e ainda muitas outras coisas, chama-se infelicidade na linguagem humana. É infelicidade para os que não vêem além do presente.
      Mas a verdadeira infelicidade está antes nas consequências de uma coisa que na coisa em si. Por exemplo a tempestade que quebra nossas árvores, purifica o ar, dissipando os miasmas insalubres que causariam a morte.
      Para julgar uma coisa, é preciso ver-lhe a consequência;é assim que, para apreciar o que é realmente feliz ou infeliz, é preciso transportar-se além desta vida. Porque é lá que as consequências se fazem sentir.
Ora, tudo o que se chama de infelicidade segundo nossa curta visão, cessa com a vida, e tem sua compensação na vida futura.
      A infelicidade é o ópio do esquecimento que buscamos com o mais ardente desejo.
      Que importa àquele que tem fé no futuro deixar sobre o campo de batalha da vida sua fortuna e seu manto carnal, desde que sua alma entre radiante no reino celeste?

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