REFORMA ÍNTIMA.
Segundo a idéia, muito falsa, de que não se pode reformar sua própria natureza, o homem julga-se dispensado de fazer esforços para corrigir os defeitos em que se compraz voluntariamente. Isso lhe exigiria muita perseverança; é assim, por exemplo, que o homem inclinado à cólera quase sempre se desculpa por seu temperamento. Em vez de se considerar culpado, atribui a falta a seu organismo, acusando assim a Deus dos defeitos que são dele.
É ainda uma consequência do orgulho que se encontra misturado a todas as suas imperfeições.
Certamente, há temperamentos que se prestam, mais que outros, a atos violentos, como há músculos mais flexíveis que se prestam melhor a esforços violentos.
O corpo não dá mais cólera àquele que não a tem, assim como não dá outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao Espírito. Sem isso, onde estaria o mérito e a responsabilidade?
O homem, que é disforme, não pode se tornar reto, porque o Espírito nada tem com isso, mas pode modificar o que é do Espírito quando tem vontade firme. A experiência não nos prova, até onde pode ir o poder da vontade, através das transformações verdadeiramente miraculosas?
Aquele que quer se corrigir sempre o pode, pois de outra forma a lei do progresso não existiria para o homem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário