...Que todos os que são feridos no coração pelas decepções da vida interroguem friamente sua consciência e, na maioria das vezes, verão se não podem dizer: Se tivesse feito ou não tivesse feito tal coisa, eu não estaria nesta situação.
A quem atribuir então todas essas aflições, senão a si mesmo? Assim, o homem é, num grande número de casos, o artífice de seus próprios infortúnios.
Mas em lugar de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para sua vaidade, acusar a sorte, a Providência, a sua má estrela.
Os males dessa natureza formam, seguramente, um notável contingente nas vicissitudes da vida. O homem só as evitará quando trabalhar para seu aprimoramento moral tanto quanto por seu aprioramento intelectual.
A lei humana alcança certas faltas e as pune. O condenado pode então dizer que sofre a consequência do que praticou. Mas a lei atinge mais especificamente aquelas faltas que trazem prejuizo à sociedade, e não aquelas que só prejudicam aqueles que as cometem. Mas Deus quer o progresso de todas as suas criaturas. Por isso não deixa impune nenhum desvio do caminho reto. Não há uma única falta, que não tenha inevitavemente consequências mais ou menos deploráveis.
O homem é sempre punido pelo que cometeu. Os sofrimentos-consequencia disso-são para ele uma advertência de que fez algum mal. Dão-lhe experiência, fazem-no sintir a diferença do bem e do mal e a necessidade de se aprimorar para evitar, no futuro, o que foi para ele uma fonte de desgostos, sem o que não teria nenhum motivo de emendar-se. Confiando em sua impunidade, retardaria seu adiantamento, e, por consequência, sua felicidade futura.
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